sábado, 21 de julho de 2012

O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA




(Adaptação do texto de Angel Rivière Gómez, Autism-Spain - Assessor Técnico da APNA - Madrid, 1996).
1 – Ordem e estrutura, antecipando o que vai acontecer.
 2 - Respeita o meu ritmo. O normal é que eu me desenvolva cada vez mais. 
3 - Fale-me pouco e devagar. As palavras em demasia podem ser uma carga muito pesada para mim. 
4 – Diga, de algum modo, quando consigo executar tarefas bem feitas, mesmo que nem sempre eu consiga. Necessito compartilhar o prazer e o gosto de fazer as coisas bem feitas. 
5 - Necessito de mais ordem e mais previsibilidade no nosso convívio. Teremos que negociar os meus rituais para convivermos.
 6 - Não permitas que me acomode e permaneça inativo, mesmo sendo difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem para fazer. Elas têm que ter um sentido concreto. 
7 - Respeita as distâncias que necessito, porém sem me deixar só. As pessoas são, às vezes, demasiadamente imprevisíveis, ruidosas ou estimulantes. 
8 - Quando eu me zango ou me golpeio, se destruo algo ou me movimento em excesso, quando me é difícil atender ou fazer o que me pede, não estou querendo te prejudicar. O que faço não é contra você. Não me atribuas más intenções! 
9 - Meu desenvolvimento não é absurdo, embora não seja fácil de entender. Muitas das condutas são formas de enfrentar o mundo na minha especial forma de ser e perceber. 
10- Meu mundo não é complexo e fechado. Pelo contrário, é aberto, sem dissimulações e mentiras, tão ingenuamente exposto aos demais, que é difícil penetrar nele. 
11- Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas. O autista sou eu, não você! 12- Não sou só autista. Sou uma criança, um adolescente, ou um adulto. Compartilho muitas coisas das crianças, adolescentes ou adultos. É aquilo que compartilhamos que nos une. 
13- Vale a pena viver comigo. Pode chegar um momento em sua vida em que eu, que sou autista, seja sua maior e melhor companhia. 
14- Não me agridas quimicamente. Não preciso de medicamentos, apenas o acompanhamento periódico de um especialista. 
15- Ninguém tem culpa de minhas reações e condutas difíceis de compreender. A IDEIA de "culpa" só produz sofrimentos. 
16 - Ajuda-me a ter mais autonomia, mas peça só o que posso fazer. 
17- Necessito estabilidade e bem estar emocional ao meu redor para estar melhor. Para mim, não é bom que estejas mal e deprimido. 
18- Ajuda-me com naturalidade, sem obsessão. Aproxime-se de mim, porém, tenha seus momentos de repouso e dedique-se às suas próprias atividades.
19- Aceita-me como sou. Minha situação normalmente melhora, ainda que, no momento, não tenha cura. 20- Não compreendo as sutilezas sociais, porém tampouco participo das duplas intenções ou dos sentimentos perigosos tão frequentes na vida social. Minha vida pode ser satisfatória, se é simples, ordenada e tranquila. Ser autista é um modo de ser, ainda que não seja o normal. Nessa vida, podemos encontrar-nos e compartilhar muitas experiências.